quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pouco barulho, pá....


Era um calmo serão familiar, com direito a jogo de cartas e tudo, quando um barulho estridente e incessante de buzinas irrompe pelos meus ouvidinhos adentro. Pensei para mim que esta aldeiazinha já não é o que era, que o trânsito tinha chegado ao pandeiro de Judas. Fui à janela, tentando resolver este enigma que se debatia dentro de mim: como é que uma rua sem saída como a minha podia ter trânsito?

E já a cãozoada toda cá das redondezas começava a ladrar como se não houvesse amanhã, desabituados que estão a que aqui a zona seja a personificação da bolsa de Tóquio. E era a Laura que não se calava, a perguntar se era o senhor dos congelados que vinha cá à rua - sim, a carrinha ridícula da Family Frost, para além daquela música tenebrosa, também buzina quando passa aqui. E a vizinhança toda abriu as persianas para ver a que se devia aquele estanderete todo. E pronto, confesso, eu também abri.

Era a caravana eleitoral. A caravana eleitoral... Dá para acreditar? Às 21h???

Recuso-me terminantemente a escrever o nome do partido político que se lembrou de vir fazer este chinfrim inqualificável cá à vilinha. E é certinho e direitinho que se vão lixar. Vejamos os votos que foram ao ar com este circo:


- todas as mães e pais de bebés que foram acordados com este banzé;

- todos os donos de cães que abriram as goelas até às entranhas;

- todas as mães e pais solteiros que têm filhos de 5 anos que, após o espectáculo, não se calaram a repetir o que dizia o altifilante do camião da caravana.


Tendo em conta que para estes lados quase todas as casas cumprem uma das três condições acima referidas, cheira-me que teria sido bem melhor terem ficado em casa a estrelar ovos.