Isto de ser diretora de turma tem vantagens e desvantagens. Ora uma das principais vantagens é uma gaja sentir que, quando chega, os gajos escondem os obiquelis em tudo o que é sítio para não serem apanhados, uma vez que a DT tem o poder de chibar estas sementes de vida aos seus progenitores. Outro dos privilégios que assiste aos DTs é o facto de termos uma alcunha ultra-encriptada, a que só os alunos têm acesso, e paralelamente, sabermos os nomes cutchie que eles colocam aos restantes professores.
Contudo, uma das grandes desvantagens é o atendimento dos pais. Não por ser complicado explicar-lhes que as criancinhas têm um garfo espetado ao fundo das costas e custa-lhes muito mexerem outra parte do corpo que não os olhinhos, mas antes pelas vergonhas a que somos sujeitas e que arrasam totalmente com aquela postura formal que exige este tipo de reuniões.
Ora acontece que eu tenho um aluno cujo pai se destaca dos demais por ter, digamos, um aspeto normal. É aquele homem dos seus trinta e tal anos, com ar asseado, sem unhas cheias do grume, e que me aparece às reuniões em (imagine-se!) calça de ganga e não de fato de treino; é senhor para se fazer aparecer com gel no cabelo, e não com aquele sebo típico de quem não sabe para que serve a água.
No final da última reunião que tivemos, acompanhei o encarregado de educação ao portão (e note-se que o portão fica a 20 mts da sala de atendimento e da sala de aula dos alunos) e estava já despedir-me, quando um dos alunos abre a porta da sala de aula e lança o seguinte comentário:
- Stora, você está nas nuvens!
E eu, com cara de tacho da feira, fiquei completamente ruborizada e apressei-me a despachar o homem, antes que me desmanchasse a rir. Automaticamente, pensei logo em pôr em prática os conteúdos adquiridos no workshop de chapadas que concluí com mérito o ano passado.
Só de pensar na próxima reunião, até se me arrepiam os pelos todos. Como diz a Lucy, que biolência.....